Título Original – Fury
É o primeiro filme americano de Fritz Lang.
Vale-se de um óptimo duo de actores e de um tema bem pertinente à sociedade americana – a justiça por conta própria.
Joseph L. Mankiewicz produz.
Joe Wilson e a namorada Katherine Grant têm grandes planos. Casarem, uma boa casa e um emprego decente que lhes permita terem uma vida digna.
Mas tudo se complica quando Joe é confundido com o raptor de uma jovem.
Encarcerado à espera de defesa, Joe vê-se alvo de uma multidão enfurecida que o quer linchar. Os ânimos exaltam-se e a esquadra é queimada, passando a ideia que Joe foi queimado vivo.
O Estado pretende levar os culpados à Justiça.
Katherine está apagada perante a vida.
Mas afinal, Joe está vivo e aproveita toda esta euforia judicial para se vingar daqueles que quase o mataram.
Mas não estará Joe a tornar-se igual àqueles que quer castigar?
Através de um court drama, Lang faz uma análise e crítica aos excessos da sociedade civil (americana e não só) na sua senda por justiça.
Muito relevante é o facto do filme nunca mostrar o protagonista como um permanente inocente (moral). Devido à reviravolta que o próprio tece no processo, o protagonista torna-se mais um daqueles que pretende combater, usando as mesmas armas que outrora foram usadas contra si.
Se com o julgamento, Lang faz uma “tese” sobre um certo mal da sociedade, através de Wilson, Lang convida o espectador a reflectir sobre o quanto o ser humano (mais puro e humilde) não está imune à violência, à raiva, fúria e ao desejo de vingança.
Spencer Tracy num fantástico registo, ora sendo um simple man, ora sendo um odioso revoltado.
(atenção ao momento em que ele explode face aos irmãos e namorada)
Sylvia Sidney comove por sua a sua candura sentimental, sendo sempre uma voz da razão.
Um dos grandes filmes de Lang, um cineasta que sempre andou atento ao dark side do ser humano.
Uma pequena obra-prima.
“Fury” tem edição portuguesa e o seu preço já andou “furioso” por chegar à prateleira do cinéfilo. Encontrá-lo é que pode ser uma dificuldade.
Realizador: Fritz Lang
Argumentistas: Bartlett Cormack, Fritz Lang, segundo a história de Norman Krasna
Elenco: Sylvia Sidney, Spencer Tracy, Bruce Cabot, Walter Brennan, Frank Albertson
Orçamento – 604.000 Dólares
Bilheteira – 1.302 milhões de Dólares
Trailer
Nomeado para “Melhor Argumento”, nos Oscars 1937. Perdeu para “The Story of Louis Pasteur”.
“Top 10 do Ano”, pela National Board of Review 1936.
“Filme a Preservar”, pela National Film Preservation Board 1995.
Neste filme, mostra-se um tribunal a recorrer pela primeira vez a footage captada por terceiros. Nunca tal tinha acontecido num verdadeiro tribunal.
Por ser a primeira vez que Lang trabalhava em Hollywood, Lang não estava habituado às “regras da casa”. Uma delas eram as horas para almoço. Lang é que decidia quando eram e quando a crew se preocupou, pediu ajuda a Spencer Tracy. Tudo se resolveu com bom diálogo.
Na cena do ataque à prisão, Lang chega mesmo a atirar bombas de gás para o set. Tal incomodou alguns dos actores e Bruce Cabot chegou mesmo a tentar esmocar Lang.
O filme marcou uma mudança no rumo da Metro Goldwyn Mayer, que até então era conhecida por musicais alegres e dramas leves.
O terrier que acompanha Tracy é o mesmo que faria de Toto em “The Wizard of Oz”.
Baseado num evento ocorrido em 1933, em San Jose, California. Brooke Hart tinha sido raptado por dois homens. Quando estes foram capturados, ambos foram retirados da prisão por uma multidão em fúria, que os linchou num parque.