Título Original – Into the Woods
Muito bom elenco, numa fantasia musical, que procura brincar com diversos clássicos contos de fantasia.
Um casal jovem vê-se na impossibilidade de ter filhos. Mas uma bruxa decide ajudá-los. Tudo o que o casal tem de fazer é reunir uma série de itens. Tal vai levá-los até à floresta, onde se vão cruzar com diversas personagens. Seguem-se muitas peripécias, confusões e equívocos, onde cada um vai aprender que é preciso ter cuidado com o que se deseja e saber enfrentar as consequências.
A ideia de misturar vários contos de fantasia parece ser boa.
Mas de uma boa ideia no papel para uma boa realidade são necessários muitos (e talentosos) passos.
Até acredito que o espectáculo musical que inspira o filme seja bom.
Mas Palco é uma realidade. E o Cinema é outra. Entre ambos há imensas diferenças.
“Into The Woods” falha em diversas áreas.
Comecemos logo pelo “argumento”, que só se agarra aos números musicais, esquecendo-se da devida coerência na transição entre eles (até às canções, temos sempre personagens a deambular pela floresta, perdidos).
É certo que se percebe que há uma intenção de brincar com alguns dos clássicos contos de fantasia e dar-lhes um twist, entre o irónico e o “moral”. Mas tudo fica mais pela intenção que o resultado.
Depois as canções. Apesar de bem escritas, não têm o ritmo arrebatador que deveriam (ouvir os clássicos do género fazia bem).
Os personagens acabam por ser esboços e tentativas de paródia às personagens que os inspiram.
Os actores. Não se põe em causa o seu talento (principalmente de Meryl Streep, Emily Blunt e Johnny Depp – que mete o filme no bolso com uma participação total de cerca de 5 minutos), mas aqui estão completamente à deriva e desperdiçados. Acrescido que nenhum deles sabe cantar – e isso é muito mau quando o filme quer ser, também, musical.
E, finalmente, o aspecto visual do filme.
É do género fantasia e com o selo Disney. Deve-se esperar e dar um look verdadeiramente fantasista, onírico e fascinante, que envolva e convide ao escapismo e fantasia.
Nada disso se tem. Apenas uma floresta (que mais parece feita de papel) e meia-dúzia de sets que pretendem ser lares. Mas nenhum dos cenários nos deixa pasmados ou com vontade de fugir para eles.
O filme pede (urgentemente) a mão de um cineasta mais habilitado a nível visual – Tim Burton, Sam Raimi ou Terry Gilliam seriam muito (mais) bem-vindos.
Rob Marshall até pode ter talento para encenar peças em palco. Mas isso não o permite ser um bom realizador (aliás, já se tinha percebido a forma como sabe ser enfadonho no drama – “Memoirs of a Geisha” – e na fantasia – “Pirates of the Caribbean 4”).
Marshall não dá o devido ritmo ao filme, marca passo em diversas situações (o nunca mais sair da floresta aborrece mais do que cativa), cria momentos musicais muito pobrezinhos e nunca saca o sumo devido do potencial visual da narrativa.
Desastre total na fotografia (tudo baço e desfocado) e nos efeitos visuais (parecem experiências).
Sobram um par de momentos (a aparição do lobo-mau – o melhor momento do filme -, a “agonia” dos príncipes na cascata, as permanentes fugas de Cinderella), as intenções e a simpatia dos actores (só mesmo Depp é que dá o seu melhor). Mas é muito, muito pouco.
Uma decepção.
Que pena. Estávamos numa tão potencial floresta de talento, ideias e fantasia.
Comecei mal a cinefilia 2015. Mas acredito que muito e melhor me vai aparecer.
Realizador: Rob Marshall
Argumentista: James Lapine, segundo a peça musical dele e de Stephen Sondheim
Elenco: Meryl Streep, Emily Blunt, James Corden, Anna Kendrick, Chris Pine, Johnny Depp, Daniel Huttlestone, Christine Baranski, Tammy Blanchard, Lucy Punch, Tracey Ullman, Lilla Crawford, Simon Russell Beale, Joanna Riding, Billy Magnussen, Mackenzie Mauzy
Site – http://movies.disney.com/into-the-woods/
Orçamento – 50 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 95 (USA); 101 (mundial)