Título Original – Dark Shadows
Regresso de Tim Burton ao gótico e ao bizarro (o seu filme anterior era a fantasia “Alice in Wonderland”), mas pleno de humor.
Mas também uma sentimental visão da família.
(visão e família à Tim Burton, entenda-se)
Barnabas Collins é um vampiro, devido a uma maldição que lhe foi dada por uma bruxa, a cujo amor Barbabas não correspondeu. Acordado em plenos 70`s (Barnabas já dormia desde o final do Século XVIII) Barnabas regressa a casa para se reencontrar com os seus actuais descendentes e encontra uma família completamente caótica. A sua adaptação aos tempos modernos não está fácil e como se fosse pouco, eis que a sua “amada” está de volta.
Tim Burton regressa à Warner (o filme anterior era da Disney, à qual Burton regressaria no filme seguinte, o belíssimo “Frankenweenie”) e ao seu mundo, conseguindo que “Dark Shadows” seja o regresso ao seu melhor (“Alice in Wonderland” era um mix dos universos Disney e Burton).
Estamos perante um delírio gótico, bizarro e perverso, mas de forte ênfase na união familiar, pleno de humor (bem) negro.
Burton (dis)torce todos os clichés à volta das soap-operas, dos dramas familiares, das histórias de amor (principalmente as de “amour fou”) e das tragédias românticas (o prólogo é puro ouro cinematográfico e Burtoniano – toda arte do Cinema e do autor, o uso da imagem e dos ambientes para contar uma história, directa ao assunto, com profundidade e sem banalidades nem superficialidades).
E com tudo isto, Burton consegue o seu filme mais “romântico” (veja-se a cena de amor entre o “par romântico” – a mais dinâmica, intensa, acrobática e destrutiva de que há memória).
(ahh, se todas as love stories fossem assim, quanta lamechice, pieguice e choraminguice seria poupada aos nossos pulsos)
O fantástico elenco não está lá para dar nome e prestígio. De todos, só recebemos o melhor.
Perfeito Johnny Depp (ser vampiro é muito cool) a mostrar mais uma vez que a sua capacidade camaleónica não tem limites, sólida Michelle Pfeiffer (sempre esbelta), angélica Bella Heathcote (uma bela revelação), desconcertante Helena Bonham Carter (a Mrs. Burton joga em casa), inocente Gulliver McGrath (pequeno grande talento), provocante Chloë Grace Moretz (já desde Jodie Foster em “Taxi Driver” que uma adolescente não era assim tão… cativante) e uma excitantemente maléfica Eva Green (não há olhar e sorriso mais perverso).
Atenção à performance do mítico Alice Cooper, que acaba por ser um espectáculo extra no filme.
Perfeição total na cenografia (que se comporta, como é habitual no cinema de Burton, como uma personagem), fotografia, guarda-roupa e caracterização (veja-se a dada a Depp e a Green e a forma com ambos são filmados e iluminados).
Excelente banda sonora – quer a instrumental (do sempre genial Danny Elfman), quer a escolha de canções (com muitos dos bons temas daquela era).
Um dos momentos máximos de Tim Burton. E de Johnny Depp.
Foi um dos grandes filmes do ano de 2012.
(mas nem todos irão apreciar o tom negro, bizarro e perverso da narrativa)
E é um filme “adequado” à quadra.
(afinal, o bizarro também tem família e sentimentos, não?)
Realizador: Tim Burton
Argumentistas: John August e Seth Grahame-Smith, inspirado pela série televisiva criada por Dan Curtis
Elenco: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonham Carter, Chloë Grace Moretz, Jackie Earle Haley, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote, Gulliver McGrath, Christopher Lee e Alice Cooper.
Site – http://darkshadowsmovie.warnerbros.com/index.html
Orçamento – 150 milhões de Dólares
Bilheteira – 79 (USA); 245 (mundial)
“Melhor Música”, nos Prémios BMI Film & TV 2013.
“Actor Favorito” (Johnny Depp), nos Prémios Kids’ Choice 2013.
Adaptação cinematográfica de uma série televisiva, com o mesmo título, emitida entre 1966 e 1971, ao longo de 1225 episódios.
Jonathan Frid, Lara Parker, David Selby e Kathryn Leigh Scott, protagonistas da série televisiva (são Barnabas Collins, Angelique Bouchard, Quentin Collins e Maggie Evans/Josette DuPres, respectivamente) aparecem no filme. É na cena do baile em casa dos Collins.
Sobre a série – http://www.collinwood.net/
A série já tinha recebido outras versões – “House of Dark Shadows” (1970, para cinema), “Night of Dark Shadows” (1971, para cinema), “Dark Shadows” (1991, para televisão) Dark Shadows (2005, para televisão).
O filme passa-se em 1972. É um ano depois do fim da série.
Ao contrário da série (bem dark), o filme assume um tom mais cómico.
Burton, Depp e Pfeiffer são grandes fãs da série televisiva.
Quando a Warner comprou os direitos sobre a série para uma adaptação cinematográfica, contactou Depp, que logo chamou Burton.
Reencontro de Burton com actores que já trabalharam com ele – oitava colaboração com Depp, sétima com Carter (é a sua esposa), quinta com Lee, segunda com Pfeiffer.
Pfeiffer contactou imediatamente Burton no sentido de conseguir participar no filme, assim que soube do projecto.
Depp submeteu-se a uma dieta rigorosa para perder (imenso) peso.
Eva Green superou as candidaturas de Anne Hathaway, Lindsay Lohan e Jennifer Lawrence.
Green também interpreta a mãe da personagem que interpreta em fase adulta. É no prólogo, no momento do embarque no cais.
Green considera a sua Angelique como uma mistura de Bette Davis e Janis Joplin.
Burton obrigou o seu director de fotografia (Bruno Delbonnel – “Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain”) a ver vários clássicos de vampire movies, principalmente feitos nos 70s, com o intuito de capturar a atmosfera.
Cameo de Rick Baker (lenda viva, prestigiado make-up artist, que já trabalhou com Burton) – é o decorador em Collinwood.
É o último filme produzido pelo reputado produtor Richard D. Zanuck.