O Comboio (1964)

The Train - Poster 2

 

Título Original – The Train

 

Para além de ser um impressionante actor dramático, Burt Lancaster é também um impressionante action hero.

Ei-lo aqui, a dar luta aos nazis, ao lado da Resistance.

Dirige um Mestre do Action Cinema – John Frankenheimer.

 

França, 1944.

Os nazis ainda estão na terra de Alexandre Dumas, mas temem que seja por pouco tempo.

Um oficial superior prepara um comboio para transportar um vasto tesouro (em pintura) de França para a Alemanha.

A Resistência tem um plano que vai desviar a rota do projecto inimigo.

Mas será que a Arte tem o mesmo valor de uma(s) vida(s) humana(s)?

The Train - screenshot 1

The Train - screenshot 2

The Train - screenshot 3

Um vigoroso actioner bélico, que para além de ilustrar (com detalhe) uma acção de sabotagem bem urdida (ainda que a um preço alto), permite também tecer reflexões sobre outras questões mais complexas.

Na verdade, no meio de tanta e espectacular acção, realizador e argumentistas interrogam-se sobre o valor da vida humana comparada com a Arte, perante tácticos jogos de combate e iniciativas de ganância humana.

The Train - screenshot 4

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Um bravo Burt Lancaster domina, com toda a força da sua intensidade dramática (a sua indignação quando vê que pinturas são mais importantes que aqueles que combatem e morrem para as salvar) e a energia que entrega nas cenas de acção (na meia hora final, em silêncio e em dinamismo heróico, Burt quase que antecipa alguns momentos de Sylvester Stallone nos seus melhores filmes).

Paul Scofield está muito bem como um oficial nazi, cego pela possibilidade de posse eterna de Arte, em detrimento de lógica, ética e vidas humanas.

Jeanne Moreau empresta uma sentimental delicadeza.

The Train - screenshot 9

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John Frankenheimer dirige com garra e ritmo, criando cenas de acção ferroviária realistas (não há recurso a efeitos visuais, são verdadeiros comboios em cena) e espectaculares (o embate dos comboios).

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Entretenimento de ferro.

Obrigatório.

 

“The Train” não tem edição portuguesa, mas a edição inglesa tem legendas em Português e está a bom preço.

A edição americana está um pouco mais cara, as legendas são em Inglês e Francês, mas conta com um comentário de Frankenheimer.

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Realizador(es): John Frankenheimer, Arthur Penn (sem crédito)

Argumentistas: Franklin Coen e Frank Davis, segundo o livro de Rose Valland (“Le Front de l’Art”)

Elenco: Burt Lancaster, Paul Scofield, Jeanne Moreau, Michel Simon, Wolfgang Preiss

 

Orçamento – 6.7 milhões de Dólares

Bilheteira – 7.4 (USA); 6 (no resto do mundo)

Mercado doméstico – 3.4 (USA)

 

Trailer

 

Making of

 

The Train - Poster 3

Nomeado para “Melhor Argumento”, nos Oscars 1966. Perdeu para “Darling”.

Nomeado para “Melhor Filme”, nos BAFTA 1965. Perdeu para “Dr. Strangelove”.

Burt Lancaster ficou em 2º Lugar na categoria “Action Performance”, nos Prémios Laurel 1965. Sean Connery levou a melhor com “007 – Goldfinger”. Os restantes nomeados eram gente de peso heróico como Richard Boone (“Rio Conchos”), John Wayne (“Circus World”) e Lee Marvin (“The Killers”).

“Top 10 do Ano”, pela National Board of Review 1966.

The Train - Poster 4

Arthur Penn era o primeiro realizador escolhido, mas a sua actividade limitou-se ao primeiro dia de filmagens. Penn queria um filme mais intimista, que focaria mais a obsessão do personagem de Lancaster pela Arte e o porquê de tanto sacrifício (dele e de outras vidas) em pró da Arte, descurando completamente a componente actioner e táctica (segundo o argumento delineado por Penn, o comboio só saía da estação ao fim de 90 minutos). Lancaster não gostou desse rumo e achou que tal prejudicaria o filme nas bilheteiras. Vindo do flop que fora “Il Gattopardo”, Lancaster precisava de um hit. Despediu Penn e chamou Frankenheimer, no sentido de este fomentar a acção e o espectáculo. O argumento foi reescrito (o comboio agora saía ao fim de menos de uma hora, a narrativa tinha mais acção). Frankenheimer queria realismo máximo para as cenas com comboios. Resultado – uso de comboios reais e quando estes chocam e explodem, é tudo real. Outro resultado foi sobre o orçamento – passou a ser o dobro do inicial.

The Train - screenshot 6

A personagem que solicita a acção é uma certa Mademoiselle Villard. É uma personagem baseada em Rose Antonia Maria Valland, a autora do livro, historiadora de Arte, elemento da Resistência Francesa, Capitã do Exército e mulher condecorada. Como supervisora do Museu “Jeu de Paume”, Rose conseguiu reunir informações sobre mais de 20.000 peças. Fornecia informações à Resistência para assim conseguir a captura das peças. A história que inspira o filme é verdadeira. Em vésperas da libertação de Paris, os nazis iam fugir com imensas peças. Coube à Resistência travar o comboio e salvar a carga. A acção foi menos espectacular, violenta e trágica que a vista no filme, mas requereu um bem elaborado plano.

 

The Train - screenshot 5

Burt Lancaster efectuou todas as cenas de acção e sem recurso a duplos.

Lancaster celebrou os seus 50 anos durante as filmagens.

Num dia (em que não era necessário para filmagens), Lancaster foi jogar golfe e magoou-se numa perna e ficou com locomoção limitada. Tal obrigou o realizador a ilustrar uma cena onde o personagem é ferido numa perna.

O ruído das locomotivas era de tal modo elevado, que quando se queria “action” e “cut”, recorria-se a apitos previamente combinados.

The Train - screenshot 12

A cena em que o comboio foge a um ataque aéreo, inspira-se num evento verídico. Durante a guerra, um avião alemão perseguiu um comboio inglês de passageiros. O maquinista conseguiu acelerar ao máximo e refugiar-se num túnel. Todas as vidas foram salvas.

O bombardeamento à estação foi feito na estação de Gargenville, perto de Paris. Há muito que se queria remodelar a estação. Com tanta explosão, demolição e fundos (vindos do filme), conseguiu-se tal.

O conflito final seria um tiroteio entre os dois inimigos. Mas perante a escolha de Paul Scofield (imposto por Lancaster), optou-se por uma solução mais simples, fruto da provocação do personagem de Scofield ao de Lancaster.

 

“The Train” faz parte de um contrato entre Lancaster e a United Artists para quatro filmes. Os outros são “The Hallelujah Trail” (1965), “Birdman of Alcatraz” (1962) e “The Young Savages” (1961), “por acaso” os dois últimos são dirigidos por Frankenheimer. Lancaster cobrou por cada um 150.000 Dólares de salário, face aos seus habituais 750.000. Tudo por causa de uns azares financeiros da companhia de Lancaster – a Hecht-Hill-Lancaster.

 

A revista “Trains” considera “The Train” como o Número 1 dos “100 Melhores Filmes à volta de Comboios”.

The Train - Poster 1

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