Título Original – Chûshingura
Título Internacional – 47 Samurai
Mais uma versão da famosa história (e lenda) dos bravos 47 Ronin.
Produção da Toho (a “casa” de Godzilla).
Entre os heróis está o grande e lendário Toshiro Mifune.
Japão. Início de 1700.
Lord Asano é jovem e muito empenhado nas regras do protocolo para agradar ao Imperador e ao Shogun. Mas Lord Kira provoca-o sempre, no sentido de conseguir que Asano cometa um deslize. Quando tal acontece, Asano culpa Kira por má orientação e tenta vingar-se. Castigado pelas regras vigentes, Asano é obrigado a cometer hara-kiri.
Os seus fiéis vêem-se sem Senhor, sem terras, sem direitos, sem estatuto de Samurai e sem direito a vingança.
Mas 47 homens decidem enfrentar as regras, castigar Kira e honrar a memória de Asano.
A zanga narrada passa por questões de protocolo.
Como tal, o filme dá grande relevo a tudo o que visualmente diz respeito ao protocolo destes tempos. Rituais, cenários, decoração, vestuário, cor, paisagem natural – tudo está muito bem criado, filmado, desenhado e fotografado.
Mas para além do espectáculo visual e do entretenimento da acção, o filme contempla também uma narrativa bem estruturada, por onda passam as intrigas palacianas (que definem a moralidade dos antagonistas – a bravura e a honra dos fieis a Asano, a cobardia e o oportunismo de Kira e dos seus), a definição dos personagens (as suas motivações e dilemas) e a ilustração (visual e moral) da vida Samurai.
O facto desta versão não ter no título (internacional) a palavra Ronin mas sim Samurai, não é à toa. De facto, ao longo do filme, os personagens lutam sempre pela afirmação do seu estatuto Samurai e nunca se consideram Ronin.
A versão de 1941 (de Mizoguchi) faz uma análise rigorosa e detalhada aos eventos, em termos emocionais, psicológicos e morais.
A versão de 1994 (com Ken Takakura) envereda por uma componente mais actioner, embora sem renegar o lado emocional e moral.
A versão 2013 (com Keanu Reeves e Hiroyuki Sanada) entra pela área mais fantástica e lendária que o evento permite.
Esta versão de 1962 parece-me a mais equilibrada de todas (as que vi, pois já descobri que há mais, até mesmo anterior ao filme de Mizoguchi).
Não ignora detalhes na abordagem emocional e moral da narrativa, foca os códigos de conduta dos Samurai, mas também dá lugar à acção mais física. Tudo com bom sentido de ritmo (o filme dura cerca de três horas e meia) e de espectáculo.
Continhas feitas, “47 Samurai” é um óptimo Samurai movie, que faz boa figura ao lado dos grandes filmes do género, conseguindo também (e tal mérito não é ignorar) honrar toda a bravura dos bravos 47 Samurai (na verdade, todos os títulos conseguem tal mérito).
“47 Samurai” não existe no mercado nacional. Há uma edição americana (com a duração total), mas ainda está a preço muito alto. A edição espanhola está mais barata, mas tem metragem mais curta (menos de duas horas).
Realizador: Hiroshi Inagaki
Argumentista: Toshio Yasumi
Elenco: Yûzô Kayama, Chûsha Ichikawa, Tatsuya Mihashi, Toshiro Mifune
Filmado em TohoScope. Era a resposta da Toho (e da tecnologia japonesa) ao CinemaScope.
Trailer –
Sobre o evento:
http://asianhistory.about.com/od/japan/p/47ronin.htm
http://www.samurai-archives.com/ronin.html
Alex Aranda