Lucy (2014)

Luc Besson está de regresso.

À acção (no início do ano vimos “3 Days to Kill”), ao feminino (não andava neste registo desde “Colombiana”) e à sci-fi (o último foi “Lockout”).

Lucy é uma simples rapariga, que por consideração ao namorado se vê metida numa complicada trama de fabrico e tráfico de droga.

Lucy é injectada com uma nova droga experimental, que lhe permite aceder ao poder máximo do cérebro.

À medida que ela tenta descobrir mais coisas sobre o seu “novo Eu”, Lucy vê-se perseguida pela polícia, traficantes e alvo do interesse da Ciência.

Besson faz de “Lucy” um “dois em um”.

A primeira parte é um imparável actioner, que quase poderia ser uma boa adaptação de uma boa bd (veja-se o tom e o ritmo).

A segunda parte envereda por uma consideração mais científica e existencial, com Besson a mostrar imagens e a abordar ideias que fariam as delícias de Kubrick. Só que Besson (que, sim, tem imenso talento) não tem o fulgor do autor de “2001” para aqueles temas.

É este (ligeiro) desequilíbrio que evita que “Lucy” seja um filme (mais) “redondinho”.

Mas é um muito competente e dinâmico entretenimento, que tanto nos deixa sem fôlego, como nos deixa a filosofar sobre temas muito profundos. E, dado que fala da inteligência humana, é também bem inteligente.

Morgan Freeman dá a devida segurança e prestígio.

Choi Min-sik (grande estrela do cinema sul-coreano – “OldBoy”, “I Saw The Devil”) é um tenebroso vilão.

Scarlett Johansson domina. Já conhecíamos os seus dotes como action heroin (ela é a Black Widow” em “The Avengers”, “Captain America 2”, “Iron Man 2”). Voltamos a vê-la forte, heróica, fascinante, frágil, sensual e avassaladora.