Os Símios regressam para um novo passo da sua evolução e supremacia no (seu) planeta.
Passaram-se vários anos desde o final do filme anterior.
A Humanidade foi quase toda dizimada. Os Símios continuam a reproduzir-se, cada vez mais evoluídos, inteligentes, fortes e organizados.
César conseguiu reunir e estabelecer a sua comunidade num ambiente natural, nos arredores de San Francisco.
Um grupo de humanos surge na zona, na esperança de conseguir activar uma antiga central hidro-eléctrica.
O embate entre as espécies é imediato. Mas Malcolm consegue ganhar a estima e a confiança de César. Apesar do bom entendimento entre ambos, não tardam a surgir facções extremas de cada um dos lados.
César e Malcolm procuram a paz e a harmonia entre as espécies. Mas os ventos de guerra são cada vez mais fortes.
“Dawn of the Planet of the Apes” é continuação e sequela. Como tal, tem duas obrigações. Como sequela, oferecer mais. Como continuação, deve mostrar uma continuidade (evolução é mais apropriado – e num duplo sentido) da narrativa iniciada.
O filme consegue as duas proezas. De forma notável.
Como sequela, é ainda mais épico, espectacular, com mais acção, eventos e personagens. Há mais símios em cena (e com mais tempo de antena) e como tal o filme desfila um festival de FX (à base de performance capture) que são mesmo o next level de evolução da tecnologia (algo em que o filme anterior já tinha marcado imensos pontos).
Como continuação, ilustra o next level deste percurso evolutivo – de símios e humanos.
O realizador Matt Reeves dedica tempo (poderá haver quem se queixe que é “imenso tempo”) na intimidade da comunidade símia, no acompanhar do seu dia-a-dia, das relações, das tensões, dos (bons) passos entre os (bons) símios e os (bons) humanos. Consegue-se assim proximidade aos personagens, partilha de emoções e empatia.
Face ao filme anterior, o argumento sai (ligeiramente) a perder. “Rise of the Planet of the Apes” é mais sensível, humano, sentimental, racional e profundo. “Dawn of the Planet of the Apes” é mais selvagem, violento e instintivo. Por outro lado, Reeves opta por um registo que visa mais a visualização pura de eventos, distanciando-se de Rupert Wyatt (realizador do filme anterior) que procurava uma maior emotividade na ilustração do argumento.
Mesmo assim, em termos de argumento, o filme segue a regra da saga (a já iniciada e a original) – através da fantasia e sci-fi, focam-se temas sérios e profundos. O racismo, o ódio, os extremos do(s) idealismo(s), os limites de uma revolução, as obrigações de um líder, o poder conquistado pelo medo, a harmonia entre espécies (ou povos), o (in)frutífero da luta pela paz e tantos mais etcs.
Feitas as contas, “Dawn of the Planet of the Apes” é um grande e espectacular entretenimento, com momentos de pura e selvagem acção (atenção ao raid dos símios – é quase uma versão símia de “Saving Private Ryan”), onde nunca se perde a dimensão humana de (alguns) símios e humanos.
Na comparação com “Rise of the Planet of the Apes”, este sai a ganhar pela garra, profundidade e sentimento do argumento.
Mesmo assim, “Dawn of the Planet of the Apes” é um dos grandes e mais inteligentes blockbusters e filmes de 2014.
A não perder.
Aguardemos pelo Verão de 2016. A guerra vem aí e o desenlace é desconhecido. O embate é que se avizinha bem violento e selvagem. A Humanidade (nas duas espécies) vai-se mesmo extinguir?
Let´s wait and see.
Realização – Matt Reeves
Argumentistas – Mark Bomback, Rick Jaffa, Amanda Silver
Elenco – Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russell, Kodi Smit-McPhee, Andy Serkis
Site – http://www.dawnofapes.com/
Sobre toda a saga
http://www.theforbidden-zone.com/
http://uk.ign.com/articles/2011/08/11/planet-of-the-apes-a-retrospective?page=1