Título original – Peggy Sue Got Married
Um ano depois do (totalmente merecido) enorme sucesso (em todas as vertentes) de “Back to the Future”, eis mais uma viagem no tempo.
Agora em tom mais romântico e “feminista”.
Assina Francis Ford Coppola (que se viu “obrigado” a um projecto mais comercial).
Kathleen Turner (a grande diva sensual dos 80s) protagoniza.
Peggy Sue tem a sua vida a passar por um mau bocado. Está prestes a divorciar-se, enormes são as suas dúvidas e muitas são perguntas dos filhos.
A sua high school reunion está aí e Peggy Sue vai reencontrar os amigos da sua adolescência, mas também se vai confrontar com os seus antigos sonhos e o que a realidade lhe trouxe.
Ao ser coroada como a rainha da noite, Peggy Sue desmaia e acorda em 1960.
Peggy Sue vai procurar mudar muitas coisas do seu passado para conseguir um melhor futuro/presente.
Entre uma simples comédia romântica (uma mulher à procura de qual o seu grande amor, um homem a tentar conquistar a mulher da sua vida) e um suave drama familiar (uma mãe a tentar salvar a família, uma filha e neta a procurar a reconciliação com os progenitores), Coppola elabora um filme agradável, despretensioso e simpático, que é, afinal, a procura de uma mulher (através da viagem no tempo) da essência da sua vida e do rumo certo dos seus sentimentos.
Cumpre enquanto entretenimento, origina-nos um sorriso perante tanta simpatia, mas não se pode dizer que é um título para a história (onde a trilogia “Back to the Future” assegurou um “trono” de ouro) ou vintage na carreira do realizador.
Muito bom trabalho de fotografia (do grande Jordan Cronenweth – “Blade Runner”), cenografia (do grande Dean Tavoularis, um habitual de Coppola – trilogia “The Godfather”, “Apocalypse Now”, “One From The Heart”) e guarda-roupa (da grande Theadora Van Runkle – “Bullitt”, “Bonnie & Clyde”, “New York, New York”, “Nickelodeon”).
Elegante partitura do grande John Barry.
Muito boa banda sonora (composta por vários temas dos 60s).
Bom elenco, composto por veteranos (Barbara Harris, Don Murray, Maureen O’Sullivan, Leon Ames, John Carradine), talentos na forja (Nicolas Cage – sobrinho de Coppola -, Catherine Hicks, Joan Allen, Jim Carrey) e pela filha de Coppola (Sofia Coppola, futura realizadora).
Kathleen Turner enche o filme, com uma composição frágil, sentimental, sensual, apaixonada e divertida.
Kathleen era uma actriz/mulher vulcânica, mas era também (para além de excelente actriz dramática e femme fatale) uma estupenda comediante. Aqui fica mais uma prova.
Não é vintage no género, mas faz boa figura nos filmes sobre o (eterno e sempre fascinante) tema das viagens no tempo, sendo um dos mais simples e descontraídos filmes de Coppola e uma das grandes performances de Kathleen Turner.
Recomendável.
“Peggy Sue Got Married” tem edição portuguesa e anda a preço de “tempo passado”.
Realizador: Francis Ford Coppola
Argumentistas: Jerry Leichtling, Arlene Sarner
Elenco: Kathleen Turner, Nicolas Cage, Catherine Hicks, Joan Allen, Jim Carrey, Barbara Harris, Don Murray, Sofia Coppola, Maureen O’Sullivan, Leon Ames, John Carradine
Orçamento – 18 milhões de Dólares.
Receitas – 41.
Trailer
Kathleen Turner esteve nomeada para “Melhor Actriz”, nos Oscars 1987. Perdeu para Marlee Matlin, em “Children of a Lesser God”. O filme também esteve nomeado para “Melhor Fotografia” e “Melhor Guarda-Roupa”, mas perdeu, respectivamente, para “The Mission” e “Room With a View”.
Nomeado para “Melhor Filme – Comédia/Musical” e “Melhor Actriz – Comédia/Musical” (Kathleen Turner), nos Globos de Ouro 1987. “Hannah and her Sisters” venceu o filme de Coppola e Sissy Spacek (por “Crimes of the Heart”) derrotou Kathleen.
Nomeado para “Melhor Filme de Ficção Científica” e “Melhor Actriz” (Kathleen Turner), pela Academia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Terror 1987. “Aliens” ganhou como filme e Sigourney Weaver (no mesmo filme) venceu como actriz.
“Melhor Fotografia”, pela Sociedade Americana de Directores de Fotografia 1987.
“Melhor Música” (para John Barry), nos Prémios BMI 1987.
“Melhor Actriz” (Kathleen Turner), pela National Board of Review 1986.
O filme ia ser realizado por Penny Marshall (que depois faria o maravilhoso “Big”, com Tom Hanks), mas os produtores e estúdio resolveram descartar a realizadora (aos fim de três semanas de pre-production), por acharem que era uma produção demasiado grande para uma estreante.
Coppola é convocado e aceita, para assim compensar os (enormes) flops de “One From The Heart” e “Cotton Club”.
Debra Winger chegou a estar como a escolha definitiva para protagonista, mas teve de recusar devido a um acidente de bicicleta que a deixou lesionada nas costas.
Steve Guttenberg foi ponderado para o personagem que seria entregue a Cage.
Dennis Quaid recusou o personagem que iria para Cage, pois preferiu protagonizar “The Big Easy”.
Sofia Coppola interpreta a irmã de Kathleen Turner. Sofia dirigiria Kathleen em “The Virgin Suicides” (1999).
Nicolas Cage dá ao seu personagem uma voz muito peculiar. A inspiração veio de Pokey, em “The Gumby Show” (1957). Coppola e os produtores não gostaram e Cage foi quase despedido. Mas o actor conseguiu convencê-los que a iniciativa dele era uma boa ideia.
Helen Hunt, que interpreta a filha de Kathleen e Nicolas, tem apenas menos 9 anos que ela e mais 1 que ele.
É o último filme de Leon Ames.
É o último filme de John Carradine.
O poema citado na cena do bosque é “When You Are Old”, de William Butler Yeats.
Ei-lo – http://www.poetryfoundation.org/poem/172055
Buddy Holly – “Peggy Sue Got Married”
(puro rock à Holly)
Nicolas Cage e Jim Carrey a cantar
(muito divertido)
Um dos temas de John Barry para a banda Sonora
(belíssimo, como sempre)