Título Original – Djävulens Öga
Título Internacional – The Devil`s Eye
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Assim continua a minha viagem ao universo de Bergman.
Agora com uma comédia (quem diria?! vindo de alguém tão sério profundo e dramático!).
E com bons ingredientes – Diabo, Deus, Inferno, Céu, tentações, (in)fidelidades, adultério.
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Segundo um ditado irlandês, o Diabo fica com uma irritação no olho perante a castidade de uma mulher.
Ao saber do iminente casamento de Britt-Marie, 20 anos e ainda virgem, o Diabo envia Don Juan e o seu escudeiro Pablo, na companhia de um demónio, com o objectivo que o grande conquistador arrebate o coração da jovem e a consiga quebrar a sua castidade. Mas tudo vai ter uma inesperada reviravolta.
Nas mãos de outro realizador, isto poderia dar origem a uma comédia simples, ligeira e até mordaz. Há aqui potencial para algo destravado (se feito em Hollywood), irreverente (se feito na Inglaterra) e bem picante (se feito em Itália).
Bergman põe tudo isso no filme, mas consegue dar-lhe uma maior profundidade. Para a percebermos, o filme exige conhecimentos extra ao espectador – a “filosofia religiosa” de Bergman e certos aspectos da cultura religiosa nórdica.
(estes extras escaparam-me; se alguém me puder dar uma workshop sobre tal, agradeço – assim revejo o filme)
Mas não se pense que quem está de fora disto perde a capacidade de se rir.
O argumento é de tal modo rico e multi layer, que o “nível 0” da narrativa é suficiente para as gargalhadas, entretenimento, satisfação e até… “moralismo”.
Afinal, Bergman acaba por “santificar” a tentação e “diabolizar” a virtude.
Excelente trabalho de fotografia e cenografia (a começar pela “casa” do Diabo).
Jarl Kulle e um Don Juan bem manipulador. Stig Järrel é um divertido Diabo. Bibi Andersson está lindíssima (e muito bem filmada/fotografada/iluminada) e arrebata com a sua devoção casta.
Uma preciosidade.
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Clip
(atente-se à inocência marota da menina e à subtil perversidade do “menino”)
O filme