300 (2007)

300

A batalha de Termópolis já tinha sido alvo de uma boa produção cinematográfica.

Mas Hollywood tinha agora os meios técnicos para fazer um espectáculo de grande envergadura, com uma estética adequada aos gostos da nova geração.

 

Perante a ameaça de invasão do exército persa e do seu implacável rei Xerxes, Leonidas, rei de Esparta, junta um exército de 300 espartanos. Os números parecem desfavoráveis aos heróis, mas os 300 vão dar uma luta que os invasores nunca esperaram.

 

“300”, tal como “Sin City” (“por acaso” ambos a partir de graphic novels de Frank Miller, “por acaso” ambos filmes com enorme recurso ao green screen) volta a trazer a discussão se a correcta adaptação de uma bd é ser-se (extremamente) fiel (entenda-se como a “estética”) ou ser fiel ao espírito e conseguir trazer algo de novo na tradução para o celulóide. Esses “extras” conseguiram trazer “Superman” (o de Richard Donner e o de Bryan Singer), “Batman” (os dois de Tim Burton e a trilogia de Christopher Nolan), “Hulk” (o de Ang Lee, num prodigioso exercício de combinação de estética cinematográfica e de bd), “Spider-Man” (a trilogia de Sam Raimi, que permanece como a grande referência neste (sub)género do “cinema-bd”; o reboot a cargo de Marc Webb começou com méritos e a sequela, para Abril, promete muito, mas muito mesmo), “X-Men” (os episódios assinados por Bryan Singer) e “X-Men – First Class” (a sequela chega em Maio).

É um facto que, quer para “Sin City”, quer para “300”, Miller só deu o seu aval à adaptação se os filmes fossem fiéis às suas obras, do ponto de vista visual. Ambos ganharam essa fidelidade, são excelentes entretenimentos, prodígios visuais, mas é perceptível que poderiam ser algo mais (de “polpa” narrativa), embora o resultado final que fica não seja desprezável, devendo-se mesmo dizer que é admirável (do ponto de vista técnico-estético).

Este “300” é uma recriação da lendária batalha de Termópilas, onde 300 Espartanos enfrentaram milhares de Persas e se revelaram “ossos duros de roer”. Eliminando as polémicas ridículas criadas por alguns “iluminados” do Médio-Oriente (“300” é um tremendo espectáculo cinematográfico e um magnífico produto de entretenimento, e não uma lição de História, nem uma “lavagem ao cérebro” ou mesmo um exemplo de “cinema-propaganda” ou panfletário) e o facto que o filme não pretende ser uma aula de História rigorosa, deve-se ver e analisar o filme por aquilo que é o que pretende (bem como o que poderia) ser.

Miller tem razões para estar contente, pois o nível de fidelidade visual é enorme. Mal vi o filme, dei uma olhada ao seu comic (já à venda em Portugal, em Português e em capa dura – um luxo, garanto-vos) e pude comprovar que a bd parece o storyboard do filme. É de facto impressionante o empenho do realizador em respeitar a bd e fazer do filme uma “bd a 24 imagens/segundo”. Mas tal traz os seus riscos.

É verdade que a logística de hoje não permite fazer épicos da mesma maneira com que antigamente eram feitos os de Cecil B. de Mille e de David Lean, mas é também verdade que quando há uma presença digital excessiva, a sensação de “falsidade” é enorme. O género (épico histórico) teve um “boom” enorme depois do triunfo do fabuloso “Braveheart”. Mas os autores de títulos recentes preferem imitar alguns erros de Ridley Scott (nos fantásticos “Gladiator” e “Kingdom of Heaven” – não percam o Director`s Cut -, a presença do computador era muito visível) que os acertos de Mel Gibson (no seu filme dedicado ao herói escocês, deu uma virtuosa lição de como fazer épicos à maneira clássica, sem excessivos “modernismos”) ou Peter Weir (com o seu pujante “Master and Commander” assina provavelmente o melhor épico em muitos anos – passados e vindouros; repare-se nos documentários da excelente edição em DVD que o filme mereceu, onde é visível o empenho de Weir em querer que o trabalho do computador fosse o mais discreto possível, fazendo parecer que o resultado foi obtido “naturalmente”). Mas em Hollywood nem todos são Weir ou Gibson, e é óbvio que o recurso ao digital é cada vez mas imprescindível. O problema não está no seu uso, mas sim no resultado que se obtém (pois um filme não é fruto do jeito dos peritos dos efeitos, mas sim da visão do realizador), pois por vezes este é mais estilo videogame.

Para este “300” escolheu-se o formato de dar a entender ao espectador que estava a assistir a uma bd a ser projectada ao ritmo de 24 imagens por segundo. É uma opção que se deve respeitar (pois é fruto de uma “imposição” de Miller), mas tem tanto de favorável como prejudicial. O espectáculo mantém-se, as imagens são belas, mas algo mais (e mais poderoso) poderia ser conseguido (talvez com outro realizador com mais poder na indústria e capaz de “bater o pé” a Miller). O problema é que acaba por ser um épico algo virtual.

Zack Snyder (que já tinha começado muito bem a sua carreira, com o fabuloso remake de “Dawn of the Dead”, em 2004) mostrou-se um nome a ter em conta (que se confirmou com “Watchmen” – a não perder o ultimate cut – e “Sucker Punch”; sobre “Man of Steel” não desperdiço mais tempo em comentários).

Merece a visão, mas não se esqueçam dos épicos verdadeiros e “reais”.

 

Site – http://wwws.warnerbros.fr/300/

 

Orçamento “modesto” – 65 milhões de Dólares. Imenso sucesso – 210 milhões nos USA, mais de 400 a nível mundial.

 

Gerard Butler treinava 4 horas por dia, ao longo de 4 meses.

Primeiro filme de Michael Fassbender (vinha da televisão).

Filmado num estúdio de Montreal, perante blue screen e green screen, em 60 dias.

O jovem Leonidas é interpretado pelo filho de Zack Snyder.

Nas cenas de batalha, alguns movimentos e estratégias foram alterados face à realidade, com objectivos puramente de estética cinematográfica.

Para conseguir ter o apoio do estúdio, Snyder e a sua equipa digitalizaram o comic de Frank Miller e animaram as vinhetas. Os executivos do estúdio ficaram encantados com o resultado final.

Uma jornalista definiu o título do filme sobre a sua classificação, de 1 a 10, de quanto era gay.

Pouco depois da sua estreia, o filme sofreu enormes críticas por parte de jornalistas e bloggers iranianos, que consideravam, o filme como uma declaração de guerra aos iranianos (discípulos dos Persas).

O filme não segue a verdade histórica. Mas isso nunca foi pretendido. Snyder quis fazer um grande espectáculo de cariz popular.

Tim Connolly interpreta o pai de Leonidas e é o duplo de Gerard Butler

Algumas das armas usadas já tinham sido usadas em “Alexander” e “Troy”. Foram reutilizadas e remodelas para reduzir custos.

A pós-produção demorou um ano. Muito trabalho foi feito em ambiente Mac, mas também se recorreu a aplicações Linux.

O estúdio queria um filme PG-13, mas Snyder recusou-se a fazer concessões e sempre trabalho no sentido de fazer um filme R-rated.

Michael Mann tinha em agenda fazer um filme sobre a mesma batalha. Cancelou o projecto quando soube da produção de “300”.

O monólogo que se ouve/lê no final é composto pelas palavras que constam no túmulo de Leonidas.

 

Sobre a batalha:

http://europeanhistory.about.com/od/ancienteurope/a/histmyths2.htm

http://ancienthistory.about.com/cs/weaponswar/p/blpwtherm.htm

http://www.ancientgreece.co.uk/war/story/sto_set.html

 

Documentários sobre a batalha:

 

Sobre Frank Miller:

http://frankmillerink.com/

http://moebiusgraphics.com/

 

Sobre o comic:

http://comicbooks.about.com/od/300/fr/300comicreview.htm

http://www.comicvine.com/300/4050-6811/

https://www.facebook.com/pages/300-Comic-book-by-Frank-Miller/168887536491405

http://comicsalliance.com/frank-miller-300-comic-sequel-xerxes-release-after-rise-of-an-empire-movie/

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