Casino Royale (1967)

Casino Royale - 1967 - Poster 1

Em 1967 o fenómeno James Bond já era enorme (“Dr. No”, “From Russia With Love”, “Goldfinger”, “Thunderball” e “You Only Live Twice” – assim terminava o contrato de Sean Connery para 5 filmes)

Nessa época sugiram também diversos rip offs a 007 (Napoleon Solo, Flint, Matt Helm, Modesty Blaise).

Seria uma questão de tempo até 007 ter direito a um spoof.

Ei-lo.

A partir de uma novela de Ian Fleming (é o primeiro livro da saga literária).

James Bond é o protagonista.

Bom, James Bond são os protagonistas.

A paródia é de tal modo imensa que a aventura necessita cerca de meia-dúzia de 007`s.

 

“Sir” James Bond está retirado. Agente Secreto old school, Bond vive agora em sossego total, na companhia dos seus hobbies (jardinagem, boa mesa, literatura e música). Mas a SMERSH está de volta ao activo com uma enorme ameaça global, pelo que Bond é convocado (por britânicos, americanos e até soviéticos). Mas a complexidade da trama é tal, que Bond recorre à criação de mais Bonds (machos e fêmeas) para confundir o inimigo. Tudo se irá resolver num disputado jogo de cartas no Casino Royale.

Casino Royale - 1967 - 1

Realização a várias mãos:

Val Guest – realizou cenas adicionais, as cenas com Woody Allen e cenas adicionais com David Niven.

Ken Hughes – filmou as cenas em Berlim.

John Huston – são dele as cenas na casa de 007 e na Escócia.

Joseph McGrath – tratou das cenas com Peter Sellers, Ursula Andress e Orson Welles.

Robert Parrish – encarregou-se das cenas com Peters Sellers e Orson Welles.

Richard Talmadge – a ele pertence a cena final.

Casino Royale - 1967 - 3

Elenco de luxo:

Peter Sellers, Ursula Andress, David Niven, Orson Welles, Joanna Pettet, Daliah Lavi, Woody Allen, Deborah Kerr, William Holden, Charles Boyer, John Huston, Barbara Bouchet, Jacqueline Bisset.

 

Eis o pai de todos os spoofs.

Delírio total, 007 gozado até ao limite (“Sir” Bond a considerar que o seu “herdeiro” é apenas um conquistador de mulheres, um bruto que só deixa um rasto de destruição e um incapaz que só ganha devido com a ajuda de gadgets), espírito 60s e psicadélico ao rubro, sem esquecer a mentalidade da época Cold War (a forma como se vê Berlim e os dois lados do Muro).

Não se procure lógica na narrativa e nas transições entre cenas. Ela não existe e a louca diversão está aí (veja-se o filme como uma acid trip).

 

O fantástico elenco entra dentro do registo e diverte-se tanto (ou mais?) como o espectador.

Niven dá a 007 toda a sua british ellegance (vejam-no a dizer que prefere a sua Black Rose a um Aston Martin artilhado; a lamentar que “agente secreto” seja equivalente a “tarado sexual”).

Casino Royale - 1967 - David Niven

Sellers dá-lhe toda a sua loucura.

Casino Royale - 1967 - Peter Sellers

Welles é um vilão brincalhão.

Casino Royale - 1954 - Orson Welles

Allen com um personagem ao nível das suas “taras” (e até reserva um twist).

Casino Royale - 1967 - Woody Allen

 

Como filme 60s e de 007 que se preze, muita beldade à solta.

Casino Royale - 1967 - 2

Barbara Bouchet é uma ardente Moneypenny.

Casino Royale - 1967 - Barbara Bouchet

Joanna Pettet é a arisca filha de Bond (e de Mata-Hari).

Casino Royale - 1967 - Joanna Pettet

Deborah Kerr está bem ousada e fogosa como viúva (vejam-na a invadir o quarto de 007).

Casino Royale - 1967 - Deborah Kerr

Ursula Andress (a primeria Bond Girl oficial – Honey Ryder em “Dr. No”) absolutamente vulcânica.

Casino Royale - 1967 - Ursula Andress - 2

Daliah Lavi é uma empenhada agente.

Casino Royale - 1967 - Daliah Lavi

Jacqueline Bisset é uma menina (de nome Giovanna Goodthighs – que são, sim senhora; hey, é a Jacqueline, rapazes) muito empenhada num completo room service.

Casino Royale - 1967 - Jacqueline Bisset - 2

 

Final absurdo, onde tudo vale (há gangsters, índios, cowboys, militares, agentes secretos e vilões, tudo ao molhe e à porrada).

E como se fosse pouco, ainda há direito a um final extra, verdadeiramente “celestial” para tanto heroísmo.

 

Excelente fotografia (anda por lá Nicholas Roeg, que depois se tornaria realizador – bem “psicadélico”, por sinal), cenografia (aqueles cenários à sci-fi, na melhor tradição de alguns momentos da saga), guarda-roupa (ai, os 60s e aquela moda feminina!!!) e banda sonora (do grande Burt Bacharach, verdadeiramente dançável).

 

Cinema também deve ser um passaporte para o delírio.

Este “Casino Royale” é um excelente exemplo de tal.

Casino Royale - 1967 - Poster 9

Pena que o DVD esteja inédito no nosso país.

As edições inglesas e americanas estão com bom preço. A americana tem mais extras e legendas em português-brasileiro. As europeias trazem legendas em espanhol, inglês, francês e alemão.

A (excelente) saga “Austin Powers” foi aqui buscar (boas) ideias e revela-se um filho pródigo.

Casino Royale - 1967 - Poster 6

Nomeado para “Melhor Banda Sonora” e “Melhor Canção”, nos Oscars 1968 (perdeu para “Doctor Dolittle” e “Thoroughly Modern Millie”, resectivamente).

Orçamento – 12 milhões de Dólares. Receitas – 22 (USA), 41 (mundial).

Alugueres – 11 (USA), 18 (mundial)

Casino Royale - 1967 - Poster 7

O orçamento inicial era de 6 milhões de Dólares (um valor bem considerável para a época).

O produtor Charles K. Feldman queria fazer do filme uma parceria com Harry Saltzman e Albert R. Broccoli (os produtores de 007) e criarem um novo filme para a saga. Mas Saltzman e Brocolli tinham-se dado mal com a parceria feita com Kevin McClory em “Thunderball” (um título há volta do qual existem várias pessoas com direitos, o que levou a esta parceria e ao remake de 1983, “Never Say Never Again”, que marcou o regresso de Sean Connery a 007, ainda que num título não “oficial”). Tentou-se que Feldman vendesse os direitos, mas ele recusou. Feldman tentou Connery, mas recusou-se a pagar o que o actor exigia. Como tal, Feldman decidiu que o filme seria um spoof. Sabe-se que Feldman e Connery se encontraram mais tarde e que Feldman confessou que, afinal (dada a confusão das filmagens e os custos elevados), seria mais barato ter aceitado o salário de Connery.

David Niven foi sempre a primeira escolha de Ian Fleming para 007 (para a saga oficial). Para este filme também se sondaram nomes como Laurence Harvey, Stanley Baker, Peter O’Toole e William Holden (os dois últimos fazem cameos).

Orson Welles surgiu no filme por pedido de Peter Sellers. Mas a tensão (e a discórdia) surgiu na filmagem da cena do casino (onde ambos jogam como opositores). Welles insistiu que o seu personagem se deleitasse com números de ilusionismo. Sellers discordou (queria que a cena tivesse um tom mais sério) e a filmagem continuou sem os dois estarem presentes em cena, em conjunto (cada momento de cada um era filmado em separado e o engenho da montagem criava a ilusão que tudo era em simultâneo).

Mas sabe-se também que Sellers era amigo da Princesa Margaret, irmã de Elizabeth II. Quando Margaret apareceu no set, Sellers tentou evidenciar (com vaidade) a sua relação, mas a senhora deu mais atenção a Welles. Sellers armou uma pequena cena e o diálogo entre ele e Welles terminou.

Sellers chegava a ausentar-se do set por dias, o que incomodava a equipa de produção. Ponderou-se o seu despedimento, mas acabou-se por cancelar a filmagem de cenas (com Sellers) que estavam agendadas (isso explica como o 007 de Sellers sai de cena de forma repentina – mas tendo em conta o tom absurdo do filme, isso até faz sentido).

Oficialmente, o argumento é de Wolf Mankowitz, John Law e Michael Sayers. Mas o argumento inclui colaborações (não creditadas) de Woody Allen, Peter Sellers, Billy Wilder, Val Guest e Ben Hecht.

Cameos de Frank Sinatra, Sophia Loren e Barbra Streisand foram planeados, mas nunca filmados. Também se falou (de forma muito mediática) de Shirley MacLaine, mas ela não foi convocada.

Robert Morley estava pensado para M, mas por conflito de agenda teve de rejeitar. John Huston ficou com o personagem.

Muitos dos actores não tinham consciência que iam participar num spoof a 007.

Woody Allen ficou surpreendido pelas extravagâncias da produção (chegou a estar semanas num hotel de luxo, antes de ser chamado para trabalhar). Allen nunca acreditou que o filme fosse um sucesso (enganou-se).

O casting director é Maude Spector, que teve as mesmas funções em diversos títulos oficiais de 007, com Sean Connery e Roger Moore.

Como sempre no universo de 007, bons carros – Bentley Special 4.5, Lotus Formula 3, Jaguar E roadster.

Peter Sellers estava casado com Britt Ekland. Ekland seria Bond girl em “The Man With The Golden Gun” (1974).

David Niven, Peter Sellers e Roger Moore interpretaram James Bond. Todos participaram na saga “The Pink Panther”. Moore e Peter Sellers já interpretaram o Inspector Clouseau. O animador Richard Williams realizou o genérico de abertura deste “Casino Royale” e de “The Pink Panther Strikes Again” (1976).

Cameos – Peter O’Toole, George Raft e Jean-Paul Belmondo.

É o único filme com James Bond em que o herói conhece um fim diferente do habitual.

“Casino Royale” é o primeiro livro de Ian Fleming dedicado a James Bond. Foi o único livro cujos direitos não foram adquiridos pela Eon Productions. A CBS comprou os direitos e fez um telefilme. A cena com Sellers no casino é a única parte do livro que se mantém.

Casino Royale - 1967 - Poster 14

 

Trailer

Genérico inicial

Orson Welles e os seus números de magia

Joana Pettet

Jacqueline Bisset

Woody Allen

A Banda Sonora

Casino Royale - 1967 - Logo

007 Magazine – http://www.007magazine.co.uk/

James Bond – http://www.007.com/

James Bond Movies – http://www.bondmovies.net/

Fan Site – http://commanderbond.net/

Sobre Ian Fleming – http://www.ianfleming.com/

 

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