Passou recentemente pelas salas, de forma muito fugaz, uma nova versão cinematográfica do clássico literário de Shakespeare, a máxima história de amor.
Infelizmente, não a consegui ver, mas aproveitei o momento para descobrir uma versão antiga. Há muito que a procurava e finalmente consegui apanhá-la. E valeu bem a pena.
Que esplendor de cinema romântico, que faria as delícias de Shakespeare.
Estamos em Verona e descobrimos que há uma antiga rivalidade entre duas famílias. Mas tudo pode tomar um novo rumo quando dois jovens, um de cada uma das famílias, se apaixonam. Tudo é colorido entre Romeu & Julieta, mas muitas são as contrariedades.
Franco Zeffirelli foi Assistente de Realização de Luchino Visconti. O seu percurso como realizador é igualmente notável e ao nível do seu Mestre.
Aqui tem um dos seus momentos mais altos.
Fazendo um bom uso da paisagem (natural e “urbana”), com um guião fiel à origem (os diálogos são em verso) e bons meios de produção, Zeffirelli elabora um filme belíssimo, por onde “desfila” sensibilidade e romantismo em todos os fotogramas.
Muito boa prestação do elenco, com uns esplêndidos Olivia Hussey (actriz muito interessante e de beleza virginal – voltaria a colaborar com Zeffirelli em “Jesus of Nazareth”), Leonard Whiting e Michael York (em início de carreira).
Nota alta também para a fotografia (do grande Pasqualino De Santis) e para a música (do grande Nino Rota).
Provavelmente, a versão definitiva desta obra imortal.
O filme tem edição portuguesa e anda nas prateleiras das nossas lojas a bom preço.
Trailer
Entrevistas
“Melhor Fotografia” e “Melhor Guarda-Roupa”, nos Oscars 1969.
“Melhor Filme Estrangeiro em Língua Inglesa”, “Melhor Promessa Feminina” (Olivia Hussey) e “Melhor Promessa Masculina” (Leonard Whiting), nos Globos de Ouro 1969.
“Melhor Guarda-Roupa”, nos BAFTA 1969.
“Melhor Realizador”, “Golden Plate” para Hussey e Whiting, nos David di Danatello 1969.
“Melhor Filme”, “Melhor Fotografia”, “Melhor Guarda-Roupa” “Melhor Música” e “Melhor Cenografia”, pelo Sindicato de Jornalistas de Cinema Italiano 1969.
“Melhor Realizador”, pela National Board of Review 1969.
Foi o primeiro filme a ter actores com a idade aproximada da que Shakespeare definiu na sua obra.
Franco Zeffirelli necessitou de obter licença para filmar a nudez de Olivia Hussey.
Zeffirelli estava sempre preocupado com a linha de Hussey. A certo momento chegou a proibir que se servisse pasta no set.
Circulou um rumor que Hussey era filha de Zeffirelli. Tal revelou-se falso.
Hussey foi inicialmente rejeitada por Zeffirelli, pois considerou-a algo “cheia” para Julieta. Mas a actriz escolhida apareceu no início das filmagens com um ar que desagradou Zeffirelli (tinha cortado o cabelo e perdido o ar adolescente). Hussey foi convocada para uma nova audição e estava de tal modo alterada e com ar de adolescente, que logo convenceu Zeffirelli.
Laurence Olivier faz do narrador. Na época, Olivier era o director do National Theatre of Great Britain e tinha ficado muito bem impressionado com o trabalho de Zeffirelli. Olivier fez o trabalho devido ao seu amor à obra de Shakespeare e não aceitou ser pago.
Seria uma produção para o mercado televisivo. Quando a Paramount se envolveu no projecto, o orçamento subiu (chegou a cerca de 850.000 Dólares) e seguiu para estreia no grande ecran. Tal compensou – o filme arrecadou cerca de 40 milhões de Dólares nas bilheteiras.
As câmaras Arriflex usadas faziam tamanho barulho, que os diálogos não eram audíveis e tiveram de ser gravados em estúdio.