Em 1968 o western já estava em declínio.
Os títulos já não eram muito inspirados, a capacidade de ser clássico era menor, os actores emblemáticos do género estavam já na “terceira juventude” (e não se permitiam ao heroísmo viril de outrora) e os grandes realizadores do género já estavam retirados ou a fazer outro tipo de filmes.
A comprovar tal, no meio de muitos, há este entretido “Day of the Evil Gun”.
Lorn Warfield regressa a casa e descobre que a esposa e filhas foram raptadas por Apaches. Decidido a salvá-las, Lorn encontra um aliado em Owen Forbes, o homem que já se tinha aproximado sentimentalmente à esposa de Lorn. Durante o percurso, a dupla mete-se em muitas aventuras, mas o desafio máximo não é salvarem os seres amados, mas sim sobreviverem um ao outro.
Jerry Thorpe (um veterano da televisão – “The Untouchables”, “Kung-Fu”, “Falcon Crest”) assina a realização. É visível o quanto o realizador não se sente à vontade na linguagem cinematográfica e nos códigos do western. Ritmo lento e chato, falta de paixão e energia, pouco nervo na dimensão emocional, de espectáculo e de acção.
As peripécias dos heróis até entretêm o espectador, mais pelo que se passa do que pela forma como são filmadas. Interessante a forma como a violência e a morte são desenvolvidas entre ambos – o que tem um passado violento procura resolver tudo pela paz, o inicialmente calmo constrói um bom curriculum de cadáveres (alguém lhe diz, num determinado momento, “é cada vez mais fácil, não é?”).
Sobra a competência dos veteranos Glenn Ford e Arthur Kennedy, sempre capazes, mesmo em “piloto automático”.
Um bom entretenimento, mas longe da excelência dos good old western days.
E esta já era uma era do auge do western spaghetti, cuja remodelação dos códigos era (bem) mais fascinante que o género Made in USA, que já padecia de uma certa agonia e de uma morte anunciada (coisa que se confirmaria na década seguinte).
Trailer – http://www.tcm.com/mediaroom/video/74464/Day-Of-The-Evil-Gun-Original-Trailer-.html