Tetro (2009)

Tetro - Poster 1

Desde 2007, com o estranho “Youth Without Youth” (título que ainda tenho de rever para uma opinião definitiva), que Francis Ford Coppola “fugiu” de Hollywood, dos grandes estúdios e das grandes produções. A sua última grande produção de uma Major foi “The Rainmaker”, de 1997. O seu mais recente filme é de 2011, “Twixt” (com um óptimo elenco composto por Val Kilmer, Bruce Dern, Elle Fanning, Ben Chaplin, Joanne Whalley, David Paymer e Alden Ehrenreich), que marca o seu regresso ao terror (“Dementia 13”, “Dracula”) – continua inédito entre nós, mas ele já anda pela “nuvem” (daqui a dias vejo-o e dou-vos a opinião). Coppola “defende-se” que queria fazer filmes mais baratos, independentes, artísticos, pessoais, profundos e íntimos.

Pelo meio andou este curioso “Tetro”.

Há muito recomendado e emprestado. Há muito prometida a sua visão. Finalmente aconteceu.

Buenos Aires. Bennie chega à cidade para se encontrar com o seu irmão mais velho, Angelo. Este adoptou o nome de Tetro e vive uma vida muito reservada. Tetro “refugiou-se” na cidade para tentar ser escritor, mas todo o seu percurso é cheio de trabalhos inacabados. A presença de Bennie vai reviver fantasmas antigos de Tetro, fazer com que ele aceite o seu talento, reforçar a relação entre os dois irmãos, bem como o aceitar e enfrentar desses fantasmas.

 

 

Coppola filma um drama familiar fraternal, adequado aos gostos e meandros latinos. Há riqueza humana e sentimental, mas o argumento perde-se nalguns momentos e personagens que deveriam ter ficado de fora, pois atrasam a narrativa. O twist final é interessante, mas tem um certo sabor a cliché de narrativas latinas, mais próximas dos folhetins novelescos e telenovelas.

O trio protagonista sai-se bem (Vincent Gallo tem sempre jeito para estes personagens marginais, Alden Ehrenreich é uma revelação, Maribel Verdú é sempre aquele poço de garra e sensualidade latina), mas paira um certo excesso de frieza nas relações, com personagens que parecem apáticos.

Felizmente que os (pequenos) erros do filme são compensados por um festim visual. O filme é de um notável planeamento visual e por uma sublime fotografia a P&B, de um perfeito recorte, contraste e uso da profundidade de campo.

Belo filme, de uma notável força visual. A nível de realização, um dos momentos altos de Coppola. A nível de argumento, ele tem melhor na sua carreira.

Mas é um título recomendável.

 

 

É o primeiro argumento, totalmente original e a sós, escrito por Coppola desde “The Conversation” (1974).

Coppola chegou a ser alvo de um roubo, em Buenos Aires, onde lhe foi levado o argumento, um portátil e algum equipamento electrónico.

A personagem Alone estava para ser um homem (e interpretado por Javier Bardem), mas Coppola achou que seria mais interessante que Alone fosse uma mulher e dar uma outra dinâmica à relação com Tetro.

Coppola queria Matt Dillon como protagonista (Dillon protagonizou-lhe o belíssimo “Rumble Fish”), mas ele recusou por conflitos de agenda.

À semelhança de “Rumble Fish”, Coppola quis filmar a P&B, pois acha que “Tetro” e esse filme estão em sintonia por tratarem de relações entre irmãos.

O visual do filme é inspirado em “On The Waterfront”, filme que Coppola admira desde os tempos em que era estudante de Cinema.

Coppola considera “Tetro” como o seu mais belo filme e um projecto muito pessoal.

A montagem foi efectuada com o Final Cut Pro, em computadores Mac.

 

 

Trailer

Coppola e o editor Walter Murch sobre o Final Cut Pro –

Coppola no set, em Boca, na Argentina –

Um tema da banda sonora –

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