Título original – Les Tribulations d’un Chinois en Chine
Um ano depois do imparável “L`Homme de Rio”, Jean-Paul Belmondo e Philippe de Broca reencontram-se para mais um destravado momento de acção, aventura e comédia.
Arthur é um jovem milionário, mas descontente com a vida. Todas as tentativas de suicídio revelam-se falhadas.
Até que o seu conselheiro chinês lhe propõe um insólito pacto – Arthur deixa-lhe uma parte da sua fortuna e o chinês encarrega-se de, num prazo de 30 dias, matar Arthur quando ele menos espera.
Arthur aceita mas ganha um enorme apetite pela vida quando conhece Alexandrine, uma esbelta stripper.
O problema é que a sua cabeça já está à venda. Como escapar e cancelar o acordo?
O filme inspira-se no romance homónimo de Júlio Verne, mas o filme segue o modelo de Tintin e James Bond.
Assim que começa a “caça a Arthur”, o filme segue um ritmo imparável de peripécias (veja-se uma monumental cena de destruição automóvel e a forma como continua numa destravada perseguição, concluindo num explosivo tiroteio), no tom das aventuras do jornalista belga, com todo o exotismo e acção das aventuras do agente secreto.
Jean-Paul Belmondo mostrava que estava à vontade neste género (ele recusava duplos nas cenas de acção) e Ursula Andress (vinda de “Dr. No”- primeira aventura de 007 onde ela foi a primeira Bond-Girl – e a caminho de “Casino Royale” – spoof a 007) irradiava sensualidade (fosse de vestido ou em bikini).
Philippe de Broca diverte-se a dar ritmo vivo, enorme diversão, boa acção, grande entretenimento.
Ainda é um modelo de um certo tipo de cinema popular que se fazia muito bem nos 60s (em França e noutros países) e que hoje parece desaparecido.
Obrigatório.
“Les Tribulations d’un Chinois en Chine” está disponível no mercado nacional, editado pela Estevez IDA Films, e a bom preço.
Realizador: Philippe de Broca
Argumentista: Daniel Boulanger, inspirado no romance de Júlio Verne
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Ursula Andress, Maria Pacôme, Valérie Lagrange, Valéry Inkijinoff, Joe Saïd, Mario David, Paul Préboist, Jess Hahn, Jean Rochefort
Clips
Bilheteira – mais de 2.7 milhões de espectadores em França
Foi o 10º sucesso do ano, em França.
O filme apenas segue um pouco da ideia geral do romance de Julio Verne.
Reencontro entre Jean-Paul Belmondo e Philippe de Broca, depois de “Cartouche” (1962) e “L’Homme de Rio” (1964); ainda se voltariam a encontrar em “Le Magnifique” (1973). Todos os filmes em parceria foram grandes sucessos de bilheteira.
Daniel Boulanger volta a escrever para Belmondo e de Broca, depois de “Cartouche” (1962), “L’Homme de Rio” (1964).
Claude Pinoteau é o premier assistant réalisateur. Pinoteau tornar-se-ia realizador anos depois – “La Boum” (1980) e “”La Boum 2” (1982) são dois dos seus filmes mais populares, onde se revelou Sophie Marceau.
Jean-Paul Belmondo e Ursula Andress estavam a ter um romance, na época.
Paul Préboist tinha medo das alturas, ao contrário de Jean-Paul Belmondo. Na cena do balão, Belmondo estava sempre a pregar partidas a Préboist, que o deixou num tal estado de medo, que o actor chegou a chorar.
Quase todo o filme foi filmado em locais reais (Malásia, Hong Kong, Nepal), com pouco recurso a estúdio.
Numa cena, Alexandrine chama Arthur como Adrien – e uma referência a “L`Homme de Rio”, feito em 1964, também assinado por Philippe de Broca e com Belmondo; o actor interpreta um personagem de nome… Adrien Dufourquet.
Sobre Júlio Verne:
https://www.britannica.com/biography/Jules-Verne
https://www.biography.com/writer/jules-verne
https://www.goodreads.com/author/show/696805.Jules_Verne
http://mentalfloss.com/article/546405/facts-about-jules-verne
http://www.unmuseum.org/verne.htm