A Verdade (1960)

La Verité - Poster 1

 

Título original – La Verité

 

Já há muito tempo que tinha descoberto este filme. Andou em agenda por um par de anos. Finalmente foi visto.

Não sei se será um dos mais conhecidos filmes do grande Henri-Georges Clouzot (cujos títulos mais célebres continuam a ser “Les Diaboliques” e “Le Salaire de la Peur” – ambos tiverem direito a remakes Hollywood, e muito interessantes, diga-se), mas é, certamente, um dos seus mais magistrais trabalhos.

E tem lá BB.

Em grande forma – de beleza, sensualidade e talento.

(acreditem – é… verdade)

 

Paris, 1960.

Dominique Marceau, mulher jovem e arrebatadora, está a ser julgada pelo assassínio do seu amante. O julgamento vai passar a pente fino a vida de Dominique, uma mulher bem avant-garde para os princípios morais, sentimentais, sociais e sexuais da época.

La Verité - screenshot 1

La Verité - screenshot 4

La Verité - screenshot 3

Clouzot elabora um minucioso filme-tribunal, onde mostra com imenso rigor todo o processo de um julgamento francês, na época.

Mas os méritos não ficam por aí.

Na verdade, Clouzot transforma aquele tribunal numa verdadeira feira de vaidades e moralismo(s), onde conta menos o apuramento da verdade (sobre um crime) e o veredicto (sobre a ré), centrando-se num “debate” sobre o (i)moralismo da jovem.

La Verité - screenshot 2

La Verité - screenshot 10

La Verité - screenshot 12

La Verité - screenshot 11

Henri-Georges Clouzot dirige de forma segura, entre o drama e o filme-tribunal, levado sempre o espectador (com a ajuda de BB) a sentir desejo pela protagonista e a ser também membro do júri, obrigando-o a fazer juízo sobre ela, os outros, os eventos e o julgamento em cena.

La Verité - screenshot 15

La Verité - screenshot 8

La Verité - screenshot 7

Brigitte Bardot tem aqui, seguramente, a sua melhor interpretação de sempre, na composição de uma mulher ardente (atenção aos subtis momentos de “nudez”), livre de preconceitos, disposta a vencer e derrubar os tabus e restrições que a época dava à mulher, mas também uma mulher desejosa de viver o amor (de forma física e sentimental) da forma intensa e livre, em busca do êxtase máximo do seu coração.

É a actriz no auge da sua beleza e força como sex symbol – em 1956 tinha feito o emblemático “Et Dieu… Créa La Femme”.

La Verité - screenshot 14

La Verité - screenshot 5

La Verité - screenshot 8

Um magnífico exemplo de filme sobre a emancipação da mulher, de filme como “julgamento”, certamente apelativo à reflexão.

 

Obra-prima absoluta.

 

Obrigatório.

 

“La Verité” não está, infelizmente, disponível no mercado português. Como aliás acontece com imensos títulos de Clouzot.

(só mesmo “Les Diaboliques” pode ser encontrado)

A edição francesa anda cara. A edição espanhola (com legendas em Português) está a melhor preço.

La Verité - screenshot 9

La Verité - screenshot 6

Realizador: Henri-Georges Clouzot

Argumentistas: Henri-Georges Clouzot, Simone Drieu, Michèle Perrein, Jérôme Géronimi, Christiane Rochefort, Véra Clouzot

Elenco: Brigitte Bardot, Paul Meurisse, Charles Vanel, Sami Frey, Marie-José Nat, Jean-Loup Reynold, André Oumansky, Claude Berri, Jacques Perrin

 

Bilheteira – cerca de 6 milhões de espectadores (França)

 

Trailer

 

Apesar do filme não estar disponível no mercado nacional, tenho aqui uma prenda.

(só o melhor para vós, meninos e meninas)

 

O filme

(com legendas em inglês)

 

La Verité - Poster 2

“La Verité” chegou a estar nomeado para “Melhor Filme Estrangeiro” nos Oscars 1961. Perdeu para “The Virgin Spring” de Ingmar Bergman.

“La Verité” venceu a categoria “Melhor Filme Estrangeiro” nos Globos de Ouro 1961. Aliás, dividiu o prémio com… “The Virgin Spring”.

Brigitte Bardot foi eleita “Melhor Actriz Estrangeira”, nos David di Donatello 1961.

Clouzot foi o “Melhor Realizador”, no Mar del Plata 1961.

La Verité - backstage 1 - Brigitte Bardot

“La Verité” foi uma total reviravolta no tipo de interpretações (e personagens) que Brigitte Bardot estava habituada.

Sami Frey foi o eleito, mas Clouzot sondou outros actores – Jean-Paul Belmondo, Jean-Pierre Cassel, Jean Louis Trintignant, Paul Belmont, Marc Michel, Hugues Aufray e Jean-Marc Bory. Trintignant era o favorite de BB (com quem ela já tinha trabalhado em “Et Dieu… créa la Femme”).

Curiosamente, BB chegou a fazer uma tentativa de suicídio (tal como a sua personagem), algum tempo depois das filmagens.

Henri-Georges Clouzot tinha a reputação de ser exigente e muito duro com os actores. BB chegou a ter uma depressão depois das filmagens, fruto do tratamento do realizador. Jacques Perrin e Frey chegaram mesmo a ameaçar Clouzot que iam abandonar as filmagens se a atitude do realizador persistisse.

 

O filme inspira-se na história de Pauline Dubuisson, uma mulher que matou o seu ex-namorado, por este se ter envolvido com uma outra mulher, mais jovem que Pauline. O caso ocorreu em 1953.

 

Em sintonia com o filme, Brigitte Bardot e Sami Frey iniciariam um romance depois das filmagens.

La Verité - backstage 2 - Brigitte Bardot

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