Pi é um indiano espiritualista que, enquanto jovem, viveu uma fantástica aventura. Sobrevivente a um naufrágio, partilha a sua viagem (e o bote salva-vidas) com um temeroso tigre. Para ambos será uma experiência de vida.
Simpático filme sobre as jornadas extraordinárias que a vida (e/ou o Destino) reserva ao ser humano, o triunfo do espírito, a tolerância, a fé e a esperança.
Bons momentos em 3-D (embora o filme funcione perfeitamente em 2-D) e a habitual mestria visual de Ang Lee, conseguindo imagens de rara beleza (a cena com as anémonas, a cena com os peixes voadores, os momentos ao entardecer e com o céu estrelado, a cena na ilha).
Atenção à forma como Lee envolve o espectador (aqui o 3-D dá uma ajuda, e grande) na tempestade marítima e no naufrágio. Levem pastilhas para o enjôo.
O tigre é um prodígio de animação (vejam-se os movimentos do corpo e os detalhes da pelugem).
“Life of Pi” é um esplendoroso festim visual que, sem ser panfletário, doutrinal ou filosófico, deixa-nos ficar bem e a continuar a acreditar no espírito humano, bem como na esperança de um dia triunfarmos num evento que nos permita gritar energeticamente “Yes I/We Can”.
Só é pena que a narrativa não esteja ao nível da visualização, na perspectiva humana, emocional, filosófica e religiosa.
Alex Aranda